200 anos - presente e futuro da Vista Alegre
Visita de estudo efetuada pela Turma Tudo é Economia, Economia do Mar da Unisseixal-Prof. Aberto Jacob em 9 Maio de 2024
A Vista Alegre é uma marca portuguesa mundialmente conhecida e prestigiada pelas suas louças e porcelanas finas, sendo não só a primeira fábrica de porcelana de Portugal, mas a mais antiga da Península Ibérica. Fundada em 1824 por José Ferreira Pinto Basto que na época já demonstrava preocupação em adotar políticas sociais que proporcionassem aos trabalhadores melhores condições de vida, criou um complexo que incluía um teatro, escola, bairro operário e a Capela de Nossa Senhora da Penha de França, padroeira da Vista Alegre, política à qual a atual administração a cargo de Nuno Terras Marques, presidente executivo do Grupo Visabeira, também não é alheia.
Reconhecida mundialmente pela qualidade dos seus produtos, possui seis unidades fabris (porcelanas em Ílhavo, três de grés em Satão e zona de Aveiro, faiança nas Caldas da Rainha-Bordalo Pinheiro, cristal e vidro em Coz-Alcobaça – Atlantis) e diversas lojas espalhadas pelo país. A Fábrica e Museu localiza-se perto de Ílhavo/Aveiro, região rica em combustíveis, barro, areias brancas e finas e seixos cristalizados, elementos fundamentais para o fabrico de vidros e porcelanas, produzindo cerca de 10 milhões de peças por ano, entre porcelana decorativa e doméstica
Em maio de 2001, deu-se a fusão da Vista Alegre com o grupo Atlantis, formando o maior grupo nacional de utensílios de mesa e o sexto maior do mundo no sector: o Grupo Vista Alegre Atlantis. Passou por grave crise em 2009, com resultados líquidos acumulados de cerca de sessenta milhões de euros nos últimos anos, levando à entrada do Grupo Visabeira que lançou uma OPA à Vista Alegre e adquiriu o controlo total da marca iniciando o processo de recuperação da empresa, invertendo em 2021 as perdas que vinha sofrendo, e reduzido nos últimos quatro anos a dívida líquida em trinta milhões de euros Contando com 2500 trabalhadores faz uma faturação de 130 milhões de euros por ano, tendo em 2023 apresentado um lucro de sete milhões de euros.
A sua atual estratégia passa por investimentos que conduzam a uma melhor eficiência energética e consequente diminuição da sua pegada de carbono, tanto mais que os custos com energia têm aumentado muito com a crise energética dos últimos anos que obrigou ao recurso de apoios do estado, passando a alimentação dos fornos feita a gás, a usar também o hidrogénio. Nos últimos dez anos sofreu grandes modificações apostando no segmento de luxo, não deixando, contudo, de ter uma marca branca, e embora com menores vendas (queda de 9% no volume de negócios) tem obtido melhores resultados (cerca de 20%). Pretendem também alargar os seus produtos a outras áreas como a cutelaria, iluminação, têxtil, mobiliário e hotelaria, sempre na procura da inovação e maior qualidade de forma a reforçar a marca nomeadamente a nível internacional, tendo exportado em 2023 setenta por cento da sua produção com colocação das suas duas principais marcas, Vista Alegre e Bordalo em mercados da Europa, Brasil, México, Estados Unidos que preveem estender a asiáticos como Japão e Singapura
Ao entrar no Museu inaugurado em 1964 é possível ver um dos seus primeiros fornos (dos dois que ali estão expostos) onde a cozedura durava sete dias , processo que atualmente é de sete horas. Ali além da evolução das peças, inicialmente em vidro e louça de pó de pedra (as porcelanas vieram depois, em 1832), é possível ver o espólio da sua produção ao longo dos anos, como peças históricas, algumas da monarquia, diversas coleções e até um dos carro de bombeiros mais antigos do país que pertenceu ao seu corpo privativo. Uma das partes mais interessantes desta visita é o ateliê, onde podemos ver artistas pintando e finalizando as peças.
(Dados recolhidos da entrevista do presidente da Visabeira ao programa "Tudo é Economia-RTP 3" e por consulta ao site da empresa)